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Num pais imaginario, um fenomeno eleitoral inusitado detona uma seria crise politica: ao termino das apuracoes, descobre-se um espantoso numero de votos em branco – uma epidemia branca que remete ao Ensaio sobre a cegueira (1995), do mesmo autor. Neste romance, Jose Saramago faz uma alegoria sobre a fragilidade do sistema politico e das instituicoes que nos governam. Numa manha de votacao que parecia como todas as outras, na capital de um pais imaginario, os funcionarios de uma das secoes eleitorais se deparam com uma situacao insolita, que mais tarde, durante as apuracoes, se confirmaria de maneira espantosa. Aquele nao seria um pleito como tantos outros, com a tradicional divisao dos votos entre os partidos da direita , do centro e da esquerda ; o que se verifica e uma opcao radical pelo voto em branco. Usando o simbolo maximo da democracia – o voto -, os eleitores parecem questionar profundamente o sistema de sucessao governamental em seu pais. E desse corte de energia civica que fala Ensaio sobre a lucidez (2004). Nao apenas no titulo Jose Saramago remete ao seu Ensaio sobre a cegueira (1995): tambem na trama ele retoma personagens e situacoes, revisitando algumas das questoes eticas e politicas abordadas naquele romance. Ao narrar as providencias de governo, policia e imprensa para entender as razoes da epidemia branca – acoes estas que levam rapidamente a um devaneio autoritario -, o autor faz uma alegoria da fragilidade dos rituais democraticos, do sistema politico e das instituicoes que nos governam. O que se propoe nao e a substituicao da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento. E pela via da ficcao que Jose Saramago entreve uma saida para esse impasse – pois e a potencia simbolica da literatura (territorio em que reflexao, humor, arte e politica se entrosam) que se revela capaz de vencer a mediocridade, a ignorancia e o medo.