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TERRÁQUEOS

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TERRÁQUEOS é o segundo romance da autora japonesa Sayaka Murata publicado pela Estação Liberdade, e assim como em QUERIDA KONBINI — romance que já vendeu mais de 1 milhão de exemplares em todo o mundo — Murata questiona e confronta o conceito de normalidade da sociedade atual e nos deixa com uma simples pergunta: até onde você iria para ser você mesmo? A protagonista e narradora de TERRÁQUEOS é Natsuki. Ela poderia passar por uma criança comum, com devaneios infantis, como a crença em dons mágicos, seres extraterrestres e bruxas. Mas, conhecendo sua história, questionamo-nos se esses não são, na verdade, mecanismos de fuga que a menina desenvolveu para lidar com uma sociedade opressora — e, mais especificamente, com traumas desencadeados por abusos de diversas ordens. Seu estranho namoro com o primo Yuu, seus “poderes mágicos” e seu amigo de pelúcia Piyut são as únicas coisas que mantêm Natsuki — em suas próprias palavras — sobrevivendo, já que viver lhe parecia algo muito fora de alcance. “Até quando eu teria de sobreviver? Será que algum dia poderia apenas viver e não sobreviver?” Sentindo-se desajustada, a pré-adolescente vê o mundo, a sociedade, como uma grande Fábrica de Gente, que para ela se assemelha ao “quarto dos bichos-da-seda” da casa de férias de seus avós, no qual se produziam os “bebês de bicho-da-seda”, tal qual os bebês humanos na Fábrica. Para Natsuki, ou você se ajusta e se torna uma peça na engrenagem das coisas, ou é excluído. Apesar de, em seus desatinos, não considerar a si mesma uma terráquea, mas sim uma alienígena, originária do planeta Powapipinpobopia, ela decide tentar se ajustar ao funcionamento da Fábrica. Na vida adulta, porém, esse ajustamento pode ser mais difícil que o planejado por Natsuki, e sua inconformidade social a leva a comportamentos extremos. A partir do retorno à casa de férias e do reencontro com Yuu, a trajetória da protagonista toma contornos inesperados, e até mesmo absurdos. Nesta trama genial e provocante, Sayaka Murata, assim como em Querida konbini — só que desta vez com mais audácia — desafia tabus, colocando em pauta temas como a obrigatoriedade do trabalho, do casamento, do sexo e da reprodução, bem como a noção de família e os papéis de gênero. Uma leitura perturbadora, da qual certamente não saímos de forma plácida.

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