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Pólen

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Um fragmento tem de ser, igual a uma pequena obra de arte, totalmente separado do mundo circundante e perfeito em si mesmo como um porco-espinho.

Friedrich Schlegel

(fragmento de Athenaeum, nº 206)

 

O porco-espinho ??? um ideal.

Novalis

(anotação à margem do fragmento supra)

 

Seleção dos escritos filosóficos de Friedrich von Hardenberg / Novalis (1772-1801), centralizada na célebre coletânea Pólen, publicada em 1798 na revista Athenaeum, de August Wilhelm e Friedrich Schlegel.

 

Com base na edição crítica de Paul Kluckhohn e Richard Samuel (Novalis Schriften, v. II, 1981), este volume procura oferecer, numa tradução possivelmente literal, um conjunto de textos que permita reconhecer, para além dos desfiguramentos e das imagens feitas, o pensamento original de Hardenberg nessa fase como, por exemplo, a diferença entre sua concepção de “fragmento” e a de Schlegel, que explica não só as mudanças feitas por este no texto publicado de Pólen, como o desmantelamento dos conjuntos de fragmentos e sua publicação em ordem arbitrária já nas primeiras edições (póstumas) das obras completas de Novalis.

Os textos, publicados na ordem original dos manuscritos, são acompanhados por notas indicando fontes, referências, variantes principais, reduplicações ou supressões; e por uma apresentação destinada a situar o autor, sua época e seu ambiente intelectual, analisar a gênese da forma “fragmento” e historiar as peripécias de edição e interpretação que trouxeram até nós a imagem de um Novalis sentimental, fragmentário e etéreo, que agora vem sendo substituída pela do pensador rigoroso, articulado e fértil.

Além de apresentar Hardenberg filósofo aos leitores de língua portuguesa, este livro é também, portanto, uma tentativa de mostra-lo em sua imagem autêntica, confirmando a observação de Richard Samuel: “O resultado principal dessas novas investigações do material manuscrito é que a obra filosófica de Friedrich von Hardenberg é, interna como externamente, muito mais coerente e sistematicamente entretecida do que se reconheceu até agora”.

 

Rubens Rodrigues Torres Filho,  estudioso da filosofia clássica alemã, foi docente da USP, autor de O espírito e a letra: a crítica da imaginação pura em Fichte (Ática, 1975) e Ensaios de filosofia ilustrada (Iluminuras, 19XX). Publicou também os seguintes livros de poemas: O vôo circunflexo (Massao Ohno, 1981, Brasiliense, 1987), A letra descalça (Brasiliense, 1985), Poros (Duas Cidades, 1989), Retrovar (Iluminuras, 1993) e Novolume (Iluminuras. 1997).

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