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Thomas Wolfe é um autor invulgar, sob muitos aspectos. Escreveu toda sua obra em doze anos, como prevendo a morte prematura aos 38, e não produziu pouco. Editou dois romances, um livro de contos, outro de ensaio, deixando, no entanto, vários inéditos que vieram à luz postumamente: mais dois romances, nova coletânea de histórias curtas. Professor, boêmio, viajante voltado para a Europa (bolsista da Guggenheim), pôde no entanto frenético trabalhar.
A obra que nos legou também reflete as condições em que foi realizada. A par das suas grandes linhas, as ilusões da infância e juventude perdidas no mundo adulto e adverso, o instintivo exuberante em contraste com a repressão puritana, o jogo de luz e sombra, um pessoal, outro exterior, temos a denunciar-se fora destas largas dimensões um artesão meio tosco, sujeito a quedas bruscas, desordenadas em rompantes de lirismo, exaltação e retórica.
Apesar do que, assim complexo ou contraditório, se alçou ao plano mais elevado de sua época. Talvez pelo sentido épico, na sua indisfarçável redução. Tão idealista ou sensorial quanto elementar e violenta.
Ricardo Ramos