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O anticristo, de Nietzsche, discorre sobre a natureza da religião cristã e sobre a concepção de mundo e do homem dela decorrente. A aparente crítica de Nietzsche contra o cristianismo é, na verdade, uma crítica à “maldição original” editada pelo cristianismo. É uma “negação da negação” do homem; portanto, uma afirmação daquilo que o cristianismo historicamente negou. O anticristo de Dostoiévski parece ser mais fundamental, para Nietzsche, do que o de Schopenhauer, pois não é tanto uma visão naturalista do mundo, uma verdade, quanto uma verdadeira práxis filosófica, ancorada na hierarquia e fiel ao sentido da Terra, que Nietzsche irá reabilitar revertendo o valor de todos os valores. O anticristo não defende uma simples Weltanschauung, mas afirma a superioridade do reino terrestre sobre um pretenso reino ideal e traça um caminho para outra forma de cultura.