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Meditações Cartesianas

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Esta obra reúne todo o horizonte das polêmicas reflexões epistemológicas da última fase produtiva de Edmund Husserl.

Fruto de palestras apresentadas na Sorbonne em 1929, traduzida para o francês em 1931 e publicada postumamente em 1950, esta é uma das obras mais amadurecidas de Husserl, e que causou um intenso impacto histórico em meio à imensa produção literária por ele legada.

O que as Meditações Cartesianas propõem à filosofia é meditar mais profundamente do que o fizera a seu tempo Descartes e inaugurar um caminho que levaria à busca por uma nova face da ciência, não menos científica, mas concretamente humana.

Via introdutória privilegiada ao núcleo polêmico da última etapa da produção husserliana, as Meditações Cartesianas, aqui traduzidas, apresentadas e anotadas, expressam em um único experimento filosófico os conflitos de toda uma época.

Depois de encerrar em 1928 longa e célebre carreira como professor de filosofia em importantes centros universitários da Alemanha, Husserl – àquele tempo já citado por Heisenberg e Weyl – de repente inflama o cenário científico-filosófico europeu de tal maneira, “preenche” a conturbada década de 1930 com tal intensidade, a ponto de se tornar inevitável às reflexões de Gödel e Wittgenstein.

São três os pontos nodais desse percurso meteórico do derradeiro Husserl:

  1. a publicação em 1929 de Lógica formal e transcendental: tentativa de uma crítica da razão lógica, texto que pretendeu encerrar o debate contra Frege iniciado em 1887 – e que mais tarde servirá tanto a Horkheimer quanto a Cavaillès como ponto de partida para seus projetos de crítica a Carnap e à escola positivista de Viena;
  2. no mesmo ano, o empreendimento das Meditações Cartesianas, que buscaram radicalizar o projeto originariamente subversivo de Descartes, mostrando como a crítica da lógica formal necessariamente deságua na experiência da alteridade e na intersubjetividade transcendental, ou seja, na tarefa da instituição do direito de cidadania científico-crítico da sociologia, da antropologia e da história – tarefa que tanto terá inspirado Lévi-Strauss quanto Habermas;
  3. a detalhadíssima reconstrução historiográfico-genética (via Galileu, Descartes e Kant) do traçado fundamental da Crise das ciências europeias, texto publicado em 1936, quando ciência e sociedade se encaminhavam rumo ao abismo, e que influenciou incisivamente o pensamento de Heidegger, Arendt, Marcuse, dentre muitos outros. É evidente, portanto, que o último Husserl tenha exercido papel dos mais significativos nos contextos de formação de importantíssimas correntes filosófico-críticas do século XX, e que seu estudo tenha se tornado, por isso, simplesmente incontornável.

Esta edição tem tradução, apresentação e notas de Fábio Nolasco, Doutor em Filosofia pela Unicamp e Professor de Epistemologia da UnB; e revisão técnica de Tommy Akira Goto, Mestre em Filosofia e Ciências da Religião pela Universidade Metodista, Doutor em Psicologia pela PUC, e membro-colaborador do Círculo Latinoamericano de Fenomenologia.

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