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“Diário parisiense e outros escritos” reúne quinze textos de Walter Benjamin dos anos de 1926 a 1936, dentre eles um diário redigido em Paris entre 1929 e 1930, que intitula o livro e é inédito em português. A seleta de textos remete fundamentalmente ao trânsito, entre Alemanha e França, realizado por Benjamin em vários sentidos: literário-crítico, filosófico, artístico, político e biográfico. Nesse trânsito, observamos o “lugar” de Benjamin como um crítico literário exemplar, judeu-alemão e refugiado político, inserido no debate literário francês do período entreguerras. O volume apresenta as suas análises acerca de Marcel Proust, André Gide e Paul Valéry, vértices do assim chamado “triângulo equilátero da nova literatura francesa”. O caráter legítimo ou autêntico de Benjamin como crítico literário, pouco ou nada ortodoxo, tornava os escritores não apenas objeto de sua crítica literária, mas também coautores de um sentido inusitado de crítica. Entre os relevantes escritos aqui publicados, as “Cartas parisienses” fornecem elementos do contexto político e literário, bem como uma apresentação conflituosa entre fotografia e pintura, que sugere uma revisão dos ensaios mais estudados no Brasil sobre fotografia e cinema. O rico material “Proust-Papiere” (“Papéis-Proust”) – como as referidas cartas igualmente inédito em português –, a propósito do ensaio “Imagem de Proust” e de um virtual segundo ensaio, convida a um aprofundamento dos estudos a respeito da importância do admirável escritor francês para Benjamin. Por fim, é muito interessante notar-se certa digressão nos textos, especialmente no já citado “Diário parisiense”, sobre a homossexualidade de Gide e de Proust, muitas décadas antes da discussão de gênero ganhar o alcance expressivo dos nossos dias.