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DE ROUSSEAU A GRAMSCI

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Após anos sem publicar livros de sua autoria, Carlos Nelson Coutinho, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de obras fundamentais sobre teoria política, estreia na Boitempo Editorial com a coletânea De Rousseau a Gramsci: ensaios de teoria política. Um dos mais reconhecidos estudiosos marxistas do Brasil, Coutinho consagrou-se por traduzir e difundir o pensamento de György Lukács e Antonio Gramsci no país.Nesta nova empreitada intelectual, o autor aponta as potencialidades transformadoras e os dilemas de fenômenos políticos, como a democracia, pelo pensamento de Rousseau, Hegel, Marx e Gramsci, além de aprofundar o compromisso entre reflexão e ação que caracteriza as suas obras. Para ele é preciso confrontar e superar a ideia de democracia como um simples jogo competitivo pelo poder político. ‘O maior elogio que eu poderia fazer a este livro é que ele nos obriga a refletir sobre a baixa intensidade do atual regime democrático brasileiro e nos convoca para uma tarefa a um só tempo teórica e política: indagar os limites da ordem presente’, afirma Ruy Braga, professor de Sociologia da Universidade de São Paulo.Diante do atual cenário brasileiro, o autor recupera uma importante reflexão de Gramsci sobre duas práticas políticas, acrescentando ainda um paralelo: enquanto a teoria política se ocupa da ‘grande política’, ou seja, da luta pela destruição, pela defesa ou pela conservação de determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais; a ‘ciência política’ tem como objeto questões da ‘pequena política’, que compreende as questões parciais e cotidianas que se apresentam no interior de uma estrutura já estabelecida em decorrência de lutas pela predominância entre as diversas frações de uma mesma classe política.O livro apresenta uma defesa consistente da teoria política, considerada uma disciplina filosófica, contra a chamada ‘ciência política’, que compartimenta o saber. ‘A teoria política não hesita em ligar a esfera da política à totalidade social e considera parte ineliminável do seu domínio teórico também os temas hoje considerados ‘sociológicos’, ‘econômicos’, ‘antropológicos’ e ‘históricos”, afirma o autor. ‘A teoria política também não tem a pretensão durkheimiana de tratar os fenômenos políticos como ‘coisas’ semelhantes aos objetos naturais; ao contrário, pretende compreendê-los como processos dinâmicos determinados pela práxis, situados no devir histórico e que, por isso, têm sua gênese no passado e apontam para o futuro’.Relacionando a teoria política com a ética, com juízos de valor e com a ideologia, no sentido gramsciano de ‘estímulo para uma ação efetiva no mundo real’, Coutinho segue fiel à síntese de Marx de que não basta entender o mundo, trata-se também de transformá-lo.

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