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Venha! Oh, criança humana!
Para os bosques e águas insanas,
Com uma fada, de mãos dadas […]
Esses versos de ???A criança roubada???, que abre esta antologia de contos de fadas do escritor, poeta e dramaturgo irlandês William Butler Yeats (1865 -1939), laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1923, é uma espécie de convite ao leitor, um chamado para que ele se aproxime de algumas das muitas figuras lendárias que povoam o folclore da Irlanda e que reverberaram nas obras de diferentes escritores, irlandeses ou não, tais como, por exemplo, James Joyce e Leonora Carrington.
O interesse de Yeats pelas lendas de seu país retomava um fascínio de infância pelo sobrenatural e tinha, igualmente, um motivo político, pois implicava o resgate das tradições célticas e da história da Irlanda, obscurecidas pelos anos de dominação britânica. O escritor atuou ativamente no movimento conhecido como ???Renascimento literário irlandês???.
Como afirmou a escritora brasileira Cecília Meireles, os escritores que coligiram e redigiram histórias transmitidas oralmente ???foram, na verdade, uns beneméritos; pois sem eles muito mais do que desapareceu teria desaparecido da memória dos povos ou se teria corrompido a ponto de tornar-se ininteligível???. Sem dúvida, Yeats é um desses beneméritos.
Os contos de fadas de um modo geral não se destinavam especialmente às crianças. Contudo, dizem os estudiosos, a literatura infantojuvenil teve sua origem neles.
Esta antologia, organizada e traduzida por João Pedro Spinelli, foi pensada para crianças de todas as idades que mantêm vivo o fascínio pelo maravilhoso e pela livre imaginação. As ilustrações de Alison Morais parecem corroborar essa ideia. Já os paratextos, um deles assinado por Maria Rita Drumond Viana, estudiosa de Yeats, não deixa de fora os aspectos históricos e estilísticos do mestre irlandês.
Dirce Waltrick do Amarante