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Em ritmo cadenciado, ecoando o rap ou o slam, ou ainda as rezas do alcorão, Fatima Daas mescla experiências pessoais e ficção num livro que desafia as convenções da literatura. Um romance? Um poema em prosa? Um ensaio ficcional?
A linguagem fragmentada costura memórias, questionamentos e confissões, revelando a busca por uma identidade própria, que se debate entre a pressão familiar e a da religião, os desejos e a experiência de amor com outras mulheres.
“O monólogo de Fatima Daas se constrói por fragmentos, como se ela atualizasse Barthes e Mauriac no subúrbio parisiense de Clichy-sous-Bois. Ela cava um retrato, como uma escultora paciente e atenta… ou como uma desarmadora de bombas, consciente de que cada palavra pode fazer tudo explodir, e que devemos escolhê-las com um infinito cuidado. Aqui, a escrita procura inventar o impossível: como conciliar tudo, como respirar em meio à vergonha, como dançar em um beco sem saída até abrir uma porta onde antes havia um muro. Aqui, a escrita triunfa mantendo-se discreta, sem tentar fazer muito barulho, numa expressão de inaudita ternura pelos seus, e é através da delicadeza do seu estilo que Fatima Daas abre a sua brecha.”
Virginie Despentes
“Com A última filha, a autora estreou no meio literário francês em 2020, sendo logo celebrada como autora revelação.
Quase todos os capítulos, curtos, começam com a reiteração ‘Meu nome é Fatima Daas’, seguidas de algumas poucas sentenças que versam sobre aspectos de sua identidade e origem. Essa evocação rítmica é poderosa.”
The Guardian
“Eu não acho que a literatura pode salvar as pessoas, mas ela pode ser libertadora. Cresci achando que eu não existia nos filmes e nos livros. Eu não existia como uma jovem lésbica, uma mulher muçulmana com experiência de imigrante. Então, eu me perguntei: como podemos nos moldar sem ter nenhuma referência?”
Fatima Daas em entrevista ao The New York Times