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Nesta utopia tardia, publicada um pouco mais de cem anos depois da ???Utopia??? inaugural de Thomas More, Campanella desenha, sob as condições específicas do gênero utópico, um projeto teológico-político capaz de equacionar o que já se anuncia como o moderno ??? do ponto de vista científico e filosófico ??? com os pressupostos entendidos como imutáveis de uma cosmologia fiel a ideais cristãos, de certo modo revitalizados pelo renascimento. Da maneira como Campanella coloca o problema, o político, isto é, a gestão das coisas terrenas e mundanas, deve se ajustar a uma ordem que lhe ultrapassa e o coordena, uma ordem cosmológica. A ???utopia???, em sentido próprio, é justamente pensar em que condições esse encontro de ordens é possível, não se desajusta ou se desarranja. Pelo contrário: nesse lugar utópico, confirma-se e reitera-se que o homem passa a ser idêntico à sua mais alta imagem ideal, cuja a origem é divina. Esse novo homem só pode ser o correlato de uma nova ordem em que os desvios individuais, as pequenas paixões e taras, a subjetividade em seu sentido moderno, não têm lugar e espaço. Campanella, muito ciente disso, explora até o limite tal possibilidade, produzindo paradoxalmente uma joia barroca do fim do Renascimento.