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Alessandro Buzo é nascido e criado no bairro do Itaim Paulista, extremo leste da cidade de São Paulo. Estudou em colégio público. Brincou e andou pelas ruas. Viveu os dias e às noites da periferia com suas dificuldades e facilidades extremas. Viu de perto a alegria, a solidariedade, mas também a violência. Pegou trem lotado desde os anos 70 para trabalhar. Conhece o fluxo, por isso seus personagens vivem às margens, transitam entre a vulnerabilidade social, a contravenção, o crime, a humilhação, mas não só isso, o cidadão comum, o trabalhador, os porteiros de prédios, as empregadas domésticas, e uma maioria de heróis invisíveis da sociedade, que vivem discretos nas favelas, nas comunidades, nas quebradas, também habitam seu universo. Todos dialogam, porque a vida aqui se dá apertada, às vezes curta demais, em tempo e/ou espaço. Tudo junto e misturado num território bem definido, delineado e, muitas vezes, esquecido por parte da sociedade que faz questão de segregar, discriminar e até marginalizar. Mas é justamente isso que a literatura de Buzo combate, de forma conscientemente ambígua, vitimas e malfeitores se confundem à medida que seus sofrimentos, crueldades, paixões e possibilidades se encontram, destinos muita vezes já traçados desde o início, em outras, desviados no meio do caminho, evocando tristezas, redenções, esperança que de alguma maneira, nos causa empatia imediata.