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Publicado em 1794, Viagem à roda do meu quarto é uma das obras centrais para a formação do romance moderno. O mesmo século XVIII que assistiu à grande renovação literária operada por escritores de língua inglesa como Jonathan Swift, Henry Fielding e Lawrence Sterne, viu também a renovação da prosa francesa, como no caso deste clássico de Xavier de Maistre, e de Expedição noturna à roda do meu quarto (1825), sua continuação, que a Estação Liberdade editou em 1989, já com a consagrada tradução de Marques Rebelo. Machado de Assis, por meio de seu “defunto autor”, no Capítulo I de Memórias póstumas de Brás Cubas escreve: “Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser.” Essa é a dívida que tem o nosso maior romancista para com o escritor francês, que publicou a presente obra quando a França transitava para o romantismo. Este romance aponta para a ruptura com a concepção clássica então vigente, apostando na renovação formal, na dimensão trágica e na comicidade, nas tensões e contradições do indivíduo (incluindo a consciência da personalidade dividida, tema central para todo o romantismo) que se tornam elementos centrais da estrutura narrativa.