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Um homem sai de casa pela manha, cumpre com as tarefas do dia e, pela noite, retorna ao lar. Foi em torno desse esqueleto enganosamente simples, quase banal, que James Joyce elaborou o que veio a ser o grande romance do seculo XX. Inspirado na Odisseia de Homero, Ulysses e ambientado em Dublin, e narra as aventuras de Leopold Bloom e seu amigo Stephen Dedalus ao longo do dia 16 de junho de 1904. Tal como o Ulisses homerico, Bloom precisa superar numerosos obstaculos e tentacoes ate retornar ao apartamento na rua Eccles, onde sua mulher, Molly, o espera. Para criar esse personagem rico e vibrante, Joyce misturou numerosos estilos e referencias culturais, num caleidoscopio de vozes que tem desafiado geracoes de leitores e estudiosos ao redor do mundo. O culto em torno de Ulysses teve inicio antes mesmo de sua publicacao em livro, quando trechos do romance comecaram a aparecer num jornal literario dos EUA. Por conta dessas passagens, Ulysses foi banido nos Estados Unidos, numa acusacao de obscenidade, dando inicio a uma longa pendenga legal, que seria resolvida apenas onze anos depois, com a liberacao do romance em solo americano. Mas, para alem das disputas e polemicas, Ulysses segue como um divisor de aguas por conta do exito do autor no principal ponto do romance: esticar e moldar a lingua inglesa ao limite, a fim de retirar disso um retrato fiel, divertido e comovente do que se convencionou chamar de o homem moderno . Em seu classico estudo sobre a obra de James Joyce, Homem comum enfim, o critico e escritor britanico Anthony Burgess afirma que, se alguma vez houve um grande escritor popular, Joyce foi este escritor . Guiado por esse espirito eminentemente democratico da escrita joyceana, Caetano Galindo realizou esta nova traducao de Ulysses, a fim de captar a imensa gama de cores, registros, estilos, recursos e efeitos de sua prosa revolucionaria.