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O amor do escritor americano Paul Theroux pelos trens e responsavel por alguns dos melhores relatos de viagem da literatura moderna. O primeiro deles foi o classico O Grande Bazar Ferroviario – De Trem pela Asia, publicado originalmente em 1975. Na tradicao dos grandes escritores-viajantes, Theroux leva seu olhar curioso e observador ao vasto continente asiatico, e seu longo itinerario vai se desenrolando como um exuberante mosaico de paisagens e sensacoes. O relato desta viagem de Londres atraves do Leste europeu e da Asia tornou-se ponto de referencia e colocou o nome de Theroux na lista de autores mais celebres de sua geracao. Trinta e tres anos depois, ele decide refazer seus passos. A viagem proposta para refazer o itinerario de O Grande Bazar Ferroviario refletia principalmente a curiosidade de minha parte, bem como a costumeira vocacao para o ocio e a disposicao de me afastar; esse havia sido o caso trinta e tres anos antes, com bons resultados. Escrever e sempre se jogar na escuridao, torcendo para que haja luz e um pouso suave. (…) A decisao de regressar a qualquer cenario anterior de sua vida e perigosa mas irresistivel, nao como uma busca pelo tempo perdido, mas pelo grotesco do que aconteceu desde entao. Na maioria dos casos e como encontrar a namorada anos depois e mal reconhecer o objeto do desejo naquela figura velha e enrugada. Todos vivemos fantasias de transformacao , afirma o autor. Mais de tres decadas depois, o mundo revelado em O Grande Bazar Ferroviario – De Trem pela Asia passou por mudancas profundas: a Uniao Sovietica entrou em colapso, a China e a India crescem de forma acelerada e a Birmania e sufocada pela ditadura. O autor testemunha tudo isso viajando como os nativos – de trem sufocante, de onibus caindo aos pedacos, de taxi ilegal ou a pe por caminhos enlameados. Ninguem melhor que Theroux, com sua curiosidade sem fim e seu olhar preciso, para capturar os detalhes dessa paisagem em transformacao. Agora, trinta e tres anos mais velho, estava de volta a Londres. Na estacao de Waterloo, cheguei a plataforma de onde sairia o Eurostar, trem das 12h09 para Paris. (…). Em 1973 eu havia partido da estacao Victoria, de manha, para descer em Folkestone, no litoral, cruzar o canal da Mancha de barco, pegar outro trem em Calais e chegar a Paris depois da meia-noite. Isso foi antes de cavarem o tunel sob o canal. Custou 20 bilhoes, demorou 15 anos para ficar pronto e todos reclamaram que era dinheiro desperdicado. O trem funciona ha 12 anos, mas eu nunca havia viajado nele. Esquece a despesa – passar de trem sob o canal foi uma maravilha. E eu pretendia ir ate a Asia central do mesmo jeito, por terra ate a India, sentado olhando a paisagem pela janela . Trem Fantasma para a Estrela do Oriente transporta o leitor do labirinto de Istambul as ruinas de Merv ou a superpovoada Nova Deli, dos templos de Angkor a renascida Saigon, do parque dos Cervos, em Nara, a Ashgabat, capital do singular Turcomenistao. Inspirado pelas mudancas que moldaram as paisagens e a vida nesses lugares, Paul Theroux retrata com maestria cada detalhe do que viu e as pessoas que conheceu. Como nunca escreverei a biografia que sonhava – volume um, Quem Eu Era; volume dois, Eu Bem que Avisei -, escrever sobre viagens tornou-se um jeito de compreender minha vida, o mais perto que chegarei de uma autobiografia – como o romance, o conto e o ensaio. Ao refazer meus passos, devo evitar as tediosas reminiscencias dos bons tempos, o nervosismo do tedio nostalgico , revela o autor.