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Um pequeno romance sobre os abismos entre familiares próximos e países vizinhos: as pontes que não construímos, os mal entendidos que vemos serem nutridos aos poucos, as memórias criadas, sublimadas ou dominadas pelas impressões. E aqueles reiterados silêncios. Como lembra Eduardo Halfon, “Hacer literatura es el arte de manipular el recuerdo” (Biblioteca Bizarra).
Ania, filha única e órfã de mãe desde que era bem pequena, já não tão jovem e há muito deslocada na família, na profissão e nos relacionamentos, aceita representar seu pai e assistir um primo moribundo no interior da Argentina, onde costumava passar os verões de sua infância. Uma visita burocrática, um favor feito a contragosto que a coloca em uma espiral febril de lembranças e pertencimento, entremeados por fotos antigas, citações de leituras, documentos oficiais e exercícios de datilografia.
Ao presenciar o enterro do primo, Ania revive sentimentos e histórias, nacionais e pessoais, suas e de seus familiares, repressões paternas e governamentais, insucessos transmitidos de geração a geração, resgates impossíveis e entendimentos desnecessariamente adiados.
Bastará uma temporada para resgatar um pai, uma origem e remendar toda uma vida posterior?
Texto da orelha de Silvia Naschenveng