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Sertao mar: Glauber Rocha e a estetica da fome e um classico dos estudos cinematograficos brasileiros. Com ele, a obra de Glauber ganhou um nivel de compreensao inedito, fundamentado agora, para alem da sempre intuida genialidade do diretor, na analise minuciosa da forma de seus filmes, repassados a um so tempo em sua estrutura geral e em cada fotograma. Mas o que faz a tempera deste livro e a combinacao de close reading com a dinamica socio-politica dos anos 1960 no Brasil, que inspirou movimentos como o Cinema Novo, do qual o diretor foi lider, alem de manifestacoes semelhantes no teatro e na cancao popular. Para melhor ressaltar a originalidade de filmes como Barravento (1962), a estreia de Glauber, e Deus e diabo na terra do sol (1964), que o situou imediatamente entre os grandes cineastas do seculo XX, Ismail Xavier estabelece um contraponto com O cangaceiro (1953) e O pagador de promessas (1962), duas producoes brasileiras que tambem tiveram reconhecimento internacional, mas pela via inversa da adesao aos padroes hollywoodianos. A partir dai, entendemos porque Glauber Rocha tenha realizado como nenhum outro a fusao de cinema de vanguarda e o que ele mesmo chamou de estetica da fome, transformando as precarias condicoes do Terceiro Mundo em motor da invencao e nao em obstaculo para ela. Esta nova edicao inclui em apendice o posfacio de Leandro Saraiva a 2a edicao do livro (2007), o prefacio de Mateus Araujo a edicao francesa (2008), e uma entrevista do autor a Vinicius Dantas realizada em 1983.