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Numa cidade a beira do rio Amazonas, um passante vem procurar abrigo a sombra de um jatoba e, incauto ou curioso, dispoe-se a ouvir um velho com fama de louco. E o que basta para Arminto Cordovil comecar a contar a historia de Orfaos do Eldorado: a historia de seu proprio amor desesperado por Dinaura, mas tambem a cronica de uma familia, de uma regiao e de toda uma epoca que, a base da seiva da seringueira, quis encarnar os sonhos seculares de um Eldorado amazonico. Essa miragem mitica e historica serve de pano de fundo a Orfaos do Eldorado e ao destino de Arminto Cordovil, dividido entre o amor pela moca misteriosa e as pretensoes dinasticas do pai, Amando, armador enriquecido com a borracha. Na casa elegante em Manaus ou no palacete branco de Vila Bela, Amando nutre fantasias de proprietario e armador, que seu filho unico teima em minar. Entre esses extremos que mal se tocam, uma galeria notavel de mulheres – Angelina, a mae morta; Florita, o anjo da guarda morena; Estrela, a bela sefardita – e os homens – de Estiliano, o advogado grego, a Denisio Cao, o barqueiro infernal – que vivem na propria pele o fausto e os conflitos do ciclo da borracha nos anos que antecedem a Primeira Guerra Mundial. E, no centro de tudo, Dinaura, corpo estranho entre as orfas das Carmelitas em Vila Bela, moca que parece filha do mato, le romances, enfeitica Arminto e sonha com a Cidade Encantada, a Eldorado submersa de que tanto se fala a beira do rio Amazonas.