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Neste volume, acompanhamos Dickinson fora do âmbito dos fascículos, quando, depois de haver alcançado simultaneamente as fronteiras mais longínquas de seu estilo e os limites do livro-códice, ela entrou mais uma vez numa fase de profunda experimentação. Aqui, longe da ordem dialética dos fólios, e para além de um locus de poder, a ambição de Dickinson foi redirecionada, e sua escrita ??? uma escrita sem fim ??? deixou-se governar pelo Eros da invenção. Marcados por notáveis e novos passos rumo ao exílio e à alegria, ao desprendimento e ao deleite, tais textos também nos levam a conhecer mais a fundo o processo lírico de seusrnesboços, quando a mão que corre pelas folhas soltas é acometida e tomada por uma estranha agência, por um Outro que, como a poeta escreveu, ???baixa??? e ???toma conta da mente da gente???. Aí as palavras, que esperam quietas os pensamentos, de repente os capturam em arapucas, traçando uma trilha numa escrita que segue o passo destes ??? e, quiçá, os ultrapassa. Dos pássaros, que são corporificações de seus poemas, Dickinson enunciou este auspício: ???Esses testaram o nosso horizonte???. As traduções exorbitantes de Adalberto Müller querem acompanhá-los em sua rota, reportando sua crise estilística no presente tenso de uma nova linguagem. (Marta Werner) Emily Dickinson nasceu em Amherst, Massachusetts (EUA), em 1830, e morreu na mesma cidade, em 1886. Salvo dez poemas divulgados em jornal, sua obra só foi difundida postumamente. De intensa emoção concentrada, sua poesia é única e antecipatória em termos de densidade léxica e liberdade sintática. Tradutor: rnAdalberto Müller é professor de teoria da literatura na Universidade Federal Fluminense. Publicou livros de poesia, ensaios e contos. Traduziu livros e poemas de Francis Ponge, e. e. cummings, Paul Celan e Rainer Maria Rilke.