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Em novembro de 1976, Julio Ramón Ribeyro anotou em seu diário: ???Escritor discreto, tímido, laborioso, honesto, exemplar, marginal, intimista, organizado, lúcido: estes são alguns dos adjetivos atribuídos a mim pela crítica. Ninguém jamais me chamou de grande escritor. Porque seguramente não sou um grande escritor???.
Talvez essa observação seja parte de um entendimento geral de outro adjetivo muito utilizado para referir-se ao escritor peruano: humilde. ??quela altura, aos 47 anos, entre livros de contos, romances e crônicas, o autor já tinha 13 livros publicados, alguns deles considerados clássicos de sua época, como este Os urubus sem penas, publicado agora pela primeira vez no Brasil.
Este é o primeiro livro de Ribeyro, lançado em 1955, em que dá voz aos esquecidos e aos marginalizados. Seus contos exemplificam a dura e pura realidade de milhões de pessoas que residem não apenas no Peru, mas em todo o mundo. A dor, o sofrimento, a miséria e a crueldade que suspiram entre os textos aqui presentes buscam, talvez, nos mostrar o nosso reflexo enquanto seres humanos, mostrar como falhamos e há muito tempo.
Uma obra universal que mostra o poder de um maestro da escrita.