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Novo livro de Luiz Antonio Simas, referencia sobre cultura popular brasileira. As ruas, como vistas por Luiz Antonio Simas, incorporam o movimento. Sao terreiro de encontros improvaveis, territorio de Exu, que se manifesta na alteridade da fala e na afluencia das encruzilhadas. Do Centro ao suburbio, as tramas das ruas cariocas confundem-se com sua escrita. Se Joao do Rio foi o cronista da alma encantada carioca do inicio do seculo XX, Luiz Antonio Simas aparece, cem anos depois, como o historiador do corpo do Rio de Janeiro atravessado pelas flechas do capital cultural e financeiro global. Por isso, contra a barbarie civilizatoria, surgem suspiros e mariolas nas sacolinhas de Sao Cosme e Damiao, a simpatia de Sao Bras para nao engasgar, as conversas na feira, o cotidiano da quitanda e o boteco da esquina. O corpo encantado das ruas reivindica a riqueza dos saberes, praticas, modos de vida, visoes de mundo das culturas que nao podem ser domados pelo padrao canonico. Da um ole na historiografia oficial. Aqui, tambor e livro sao tecnologias contiguas. O Parque Shanghai e tao importante quanto o Cristo Redentor. Bach e um genio como Pixinguinha. O Museu Nacional, um territorio sagrado, que acumulava o axe proporcionado pelos ancestrais a comunidade. Nao e um livro sobre resistir. E sobre reexistir. Reinventar afetos, aprender a gramatica dos tambores, sacudir a vida para que surjam frestas. Para que corpos amorosos, corpos de festa e de luta se lancem ao movimento e jamais deixem de ocupar a rua.