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Numa misteriosa e lendária ilha com o formato de uma lágrima, duas irmãs nascem no seio de uma família de oráculos. Kamiku é admirada por sua beleza incomum, e por isso Namina passa a viver sob a sombra da irmã. Em O conto da deusa, a aclamada escritora japonesa Natsuo Kirino reimagina a criação do Japão em uma trágica história de amor e vingança.
Kamiku é escolhida para se tornar o próximo oráculo e servir o reino da luz, enquanto Namina é obrigada a servir o reino das sombras e guiar eternamente os espíritos ao mundo subterrâneo, onde encontra a deusa Izanami. Namina, cujo nome siginifica ???mulher em meio às ondas???, viaja entre o mundo dos vivos e dos mortos, buscando vingança. No cerne desta sombria história, Kirino reinventa o antigo mito da criação de Izanami e Izanagi, personagens da mitologia japonesa.
Como a deusa, Namina é consumida pela raiva e, incapaz de esquecer sua antiga vida, quer entender por que foi banida do mundo dos vivos. O ódio amargurado dessas duas mulheres impregna a narrativa, numa estrutura que remete às obras mais recentes da romancista, onde a mulher é sempre alvo de traições. Namina age contrariamente ao que sua família e comunidade esperam dela. O seu próposito post mortem passa a ser a busca por justiça, não contra o assassino que lhe tirou a vida, mas contra o mundo que a subjugava.
A mitologia japonesa tem uma densidade que impressiona. Por séculos, a vida de muitos deuses e deusas fora intimamente ligada à vida do povo japonês, controlando cada fase de seu destino. Nessa crônica atemporal, as tensões e conflitos são construídos para evidenciar uma realidade em que o abismo entre o homem e a mulher é muito maior do que aquele que separa humanos e deuses.