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Nas montanhas da loucura

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Howard Philips Lovecraft foi e continua sendo um autor muito estranho, em se tratando da sua pessoa e da sua literatura. Foi descrito como alguém rigorosamente racional, imobilista, reacionário, cético, e motivos não faltam para todos estes qualificativos. Mesmo sem nunca ter se afastado das suas raízes em Providence, na Nova Inglaterra, viajou com a mente e a imaginação até lugares, comarcas e paisagens nunca antes entrevistos por ninguém. Pelo menos na sã consciência.
Lovecraft sempre sonhou, dormindo ou acordado. E conseguiu viver a morte, chegando lúcido no fundo do pesadelo. De lá voltou para contar o que viu, embora sua língua fosse insuficiente para transmitir aquilo que apenas ele sabia que existia, oculto pelas aparências da normalidade. Como Randolph Carter, um dos seus personagens, legou seu seus inúmeros leitores, a suspeita de que conhecia aquilo que escrevia por experiência virou uma certeza inconteste.
Em resumo: H.P. Lovecraft comprovou que o mundo seria um lugar terrível, onde, quase por acaso, a humanidade só pôde surgir graças a um breve período de sono das poderosas forças ancestrais que um dia ainda irão despertar, para acabar com ela. Enquanto isso esperam e espreitam na tocaia, e o afoito desmiolado que ouse perturbar seu descanso pagará um alto preço, seja com sua vida, ou com sua sensatez.
No limiar de muitas dimensões, deuses terrenos ou alienígenas, lembrados ou esquecidos, informes ou multiformes, jogam com os humanos de um jeito impiedoso. Mas, diferente de Borges, cujos escritos domesticam os seres imaginários, H.P. Lovecraft descobre a presença insólita do abominável, do primordial, do numinoso, daquilo que foge da palavra como algo bem real, porém não simbolizável, sinistro pela própria natureza.
Oscar Cesarotto

H. P. Lovecraft

O horror em Red Hook

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