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Como nasce e de que se alimenta o afeto entre dois adolescentes do mesmo sexo? Da solidao em familia, do repudio a rotina estudantil, das caminhadas pela metropole? Como esse afeto se frustra e se transforma em amizade duradoura? No ano de 1952, dois rapazes se encontram em Belo Horizonte a espera do mesmo bonde. O acaso os transforma em amigos intimos. Passam-se sessenta anos. Numa tarde de 2010, Zeca, entao produtor cultural de renome, agoniza no leito do hospital. Ao observa-lo, o professor aposentado de Historia do Brasil entende que nao perde apenas o companheiro de vida, mas seu possivel biografo. Compete-lhe inverter os papeis e escrever a trajetoria do amigo inseparavel. Encantam-se na juventude com o charme de Vanessa, tutora literaria. Com Marilia, aprendem a ouvir o jazz de Ma Raney e se envolvem em impossivel triangulo amoroso. Distanciam-se: um faz doutorado em Paris, o outro, jornalismo em Sao Paulo. Reencontram-se no Rio de Janeiro, mas se afastam pelo estilo de vida: do mundo das drogas e do rock n roll, Zeca ridiculariza o academico realizado e infeliz. Escrito na tradicao literaria mineira, Mil rosas roubadas se informa na poesia memorialista de Carlos Drummond, na prosa de Ciro dos Anjos e de Fernando Sabino. Corajoso, Silviano Santiago reune fragmentos de um discurso amoroso para tematizar mais uma vez a homoafetividade – ja presente nos livros Stella Manhattan e Keith Jarrett no Blue Note. Se Zeca e seu personagem principal, sao muitos os coadjuvantes do mundo pop e erudito, como Vladimir Nabokov, Dorothy Parker, Paulo Autran e Keith Richards. Alem de por em xeque os limites entre ficcao e memoria, biografia e autobiografia, este romance a clef oferece ainda o rico testemunho de uma epoca e de uma amizade excepcional.