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Entre o final dos anos 1940 e a primeira metade dos anos 1950, o Rio de Janeiro era a capital do Carnaval no Brasil. Os salões eram frequentados pela nata da sociedade, por estrelas de Hollywood e por todos aqueles que queriam se entregar ao profano sob o reinado de Momo. Mas ninguém superava uma figura: Luz del Fuego.
O alter ego de Dora Vivacqua, uma moça nascida na provinciana Cachoeiro de Itapemirim (ES), era, sem sombra de dúvidas, a presença mais aguardada na entrada dos grandes bailes da época. Nem as maiores personalidades estrangeiras, nem os políticos poderosos ou socialites que estampavam as colunas sociais da época superavam a apoteose que era a aparição de Luz del Fuego, seminua, envolta por uma cobra.
Figura mítica, atriz do teatro de revista, modelo e ativista avant la lettre, ela superou barreiras e enfrentou o conservadorismo brasileiro em prol da liberdade do seu corpo e de sua arte. ???Por que não simplificar as leis para aproveitar melhor os pequenos grandes prazeres que nos são concedidos a muito curto prazo? Para a fome, temos o pão; para a sede, a água; para a imoralidade, a nudez.??? Com essas palavras, Luz del Fuego alçou voos inimagináveis e chegou aonde sempre quis estar: no topo.
E como se a subversão do corpo já não fosse uma grande luta, Luz del Fuego também rompeu outras barreiras: criou a primeira comunidade naturista brasileira, conhecida como ilha do Sol; montou um partido político; viveu abertamente a sua pansexualidade e defendeu o que hoje chamamos de direitos LGBTQIA e as causas ambientais.
Neste livro, Javier Montes narra, com o tanto de ficção que Del Fuego merece, a vida dessa personagem ímpar de nossa história. Como disse Rita Cadillac no texto de orelha do livro: ???Que toda mulher possa ter um pouquinho da alma de Luz del Fuego, que lutou com determinação e garra por aquilo que acreditava, que nunca se dobrou a qualquer mando masculino???.