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“Não faço poemas, faço desenhos/ com os dentes, mordendo o papel.” Aí exemplificado, o ardor visceral com que Nuno Ramos se atira ao ato regenerador de escrever. Jardim Botânico é uma escavação em si mesmo, um solilóquio corajoso em que o poeta se embrenha a questionar-se sobre o valor e o sentido de suas próprias vivências. O que ele busca, ao que parece, é atingir o ponto mais profundo, o extremo limite de sua autenticidade como criador e pessoa.