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Em agosto de 1944, membros do Sonderkommando de Auschwitz-Birkenau, auxiliados pela Resistência polonesa, conseguiram fotografar de forma clandestina parte do processo de gaseamento a que eram submetidos os judeus, operação de extermínio que levou à morte milhões de pessoas.
Trazidas à luz numa grande exposição sobre a memória dos campos em 2001, essas quatro imagens tornaram-se o centro de uma acirrada polêmica que opôs, de um lado, aqueles que eram radicalmente contra qualquer tipo de representação do Holocausto e, de outro, os que defendiam a importância vital de todo registro, entre eles, o autor deste livro.
Em Imagens apesar de tudo, Georges Didi-Huberman faz uma defesa lúcida e apaixonada da imagem como forma de resistência, quando se furta à ordem dominante e, longe de se assumir como imagem absoluta, capaz de dizer toda a verdade, se apresenta fulgurante e lacunar, abrindo brechas em meio à obscuridade e ao horror. Dialogando com Benjamin, Bataille, Godard e outros, este livro ilumina um nó de questões fundamentais que envolvem a noção de testemunho, o uso dos arquivos, o estatuto do documento visual, a montagem, os múltiplos regimes da imagem e da palavra, e conecta de modo exemplar a ética, a estética e a política.