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Lembro-me de pensar, ao visitar pela primeira vez um cemitério no Rio de Janeiro e ao ver todas aquelas campas debaixo do sol, como é injusta a morte aqui, como se o não fosse também em qualquer outro lado do mundo. Mas morrer no meio desta natureza, desaparecer a qualquer momento deste conjunto de praias, flores, botecos e sei lá quantas mais coisas agradáveis, pareceu-me naquele momento a maior injustiça de todas, apenas comparável talvez à expulsão de Adão e Eva dos jardins do Paraíso. Decidi-me assim a fotografar. A cidade fascina-me o suficiente para tentar imaginar o que seriam as possíveis imagens dela. Porque não é propriamente uma cidade sem imagens, pelo contrário, é uma cidade-palavra que convoca inúmeras imagens na mente de qualquer pessoa que escuta o seu nome. Rio. Nem será preciso completar e imediatamente qualquer um imagina praia, sol, copacabana, ipanema, carnaval, pão de açúcar, favelas, tiros, e todos os outros clichês, que, não por acaso, é uma palavra que em tempos queria também dizer fotografia.???Daniel Blaufuks