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A obra de Heine – em particular a poética – é escassamente conhecida e difundida entre nós. Das traduções modernas de sua poesia só é possível destacar, em termos de qualidade estética – as que constam da antologia de poemas traduzidos por Décio Pignatari, 31 Poetas 214 poemas: do Rigveda a Apollinaire (Editora da Unicamp) – apenas dez textos breves. ‘Byroniano, Heine teria superado Byron pela finura e precisão de sua arte poética.’, é a opinião de Pignatari.Assim, Heine, Hein? – cujo título é uma saborosa trouvaille a enfatizar a sensação de novidade que nos traz o livro – ganha dimensões incomuns. Não só pela quantidade do material textual que o tradutor nos oferece – ao todo, 120 poemas de todas as fases de Heine – como ainda pela instigante collage de sua epistolografia e de outros textos seus, que estabelecem um contraponto informativo com a antologia poética proposta. As traduções de André Vallias têm, além disso, alta qualidade estética. Situam-se no âmbito da difícil arte da tradução poética ou da ‘transcriação’ – expressão cunhada por Haroldo de Campos -, cujo objetivo é constituir, na língua de chegada, poemas que reproduzam o impacto e a criatividade originais. Tal empreitada, além do conhecimento das duas línguas, requer muita expertise na elaboração poética, que – dadas as características do original – tem de lidar com requintados módulos métricos e rímicos, sem perder a espontaneidade da linguagem de Heine, onde se mesclam o sermo nobilis e o coloquial-irônico. O tradutor (…) sai-se, a meu ver, com muito brilho dessa aventura literária. – [Augusto de Campos]