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Grande referência para os estudos do tráfico atlântico que tomaram força nos anos 1980, Fluxo e refluxo ganha agora nova edição pela Companhia das Letras, com posfácio inédito de João José Reis.
Fluxo e refluxo é resultado de quase vinte anos de pesquisa de Pierre Verger. O detalhado e criterioso estudo foi apresentado pela primeira vez na Sorbonne, em 1966, como a tese de doutorado do antropólogo e etnólogo francês. Lançada no Brasil apenas em 1987, a obra rapidamente se tornou um marco historiográfico: a partir de levantamentos feitos na costa da África e de cartas do negreiro José Francisco dos Santos, conhecido como Alfaiate, Verger reconstrói a rota de compra e venda de escravos entre a Bahia e o golfo do Benim no período da colonização portuguesa, e recupera os desdobramentos culturais dessa relação comercial.
“Apesar dessas duas comunidades terem praticamente perdido contato a partir do início do século XX, seus integrantes tornaram-se, em termos culturais, africanos do Brasil e brasileiros da África”, diz Pierre Verger. Cinco décadas após seu lançamento na França, Fluxo e refluxo se prova indispensável para se compreender a história do tráfico, da escravidão e do Atlântico.