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Na primavera de 1935, Virginia Woolf terminara de escrever As ondas, talvez o mais experimental de seus livros. Estava exausta. Para espairecer, lia os dois volumes da correspondencia de Elizabeth Barrett Browning, a importante poeta da era vitoriana, mais conhecida no Brasil pelo livro Sonetos da portuguesa (trad. Leonardo Froes, Rocco). Foi instigada por essa leitura que Virginia resolveu escrever Flush: uma biografia.O relato de Virginia inicia na epoca em que Elizabeth conheceu o poeta Robert Browning, com quem, pouco tempo depois, ela se casaria as escondidas, fugindo com ele para a Italia. Foi um pouco antes disso que ela recebeu de presente, da tambem poeta Mary Russell Mitford, um filhote de cocker spaniel chamado Flush, que teria um importante papel em sua vida.Para surpresa da propria Virginia, o livro foi um sucesso de publico. Em compensacao, foi praticamente ignorado pela critica. Ou, pior, quando mereceu alguma atencao, foi apenas para ser classificado como uma peca que representava o fim da carreira literaria de uma grande escritora. O livro continuou relegado ao porao das curiosidades literarias pelas decadas seguintes ate ser redimido, no final dos anos 1990, pelo florescente campo academico dos Estudos animais . Mas nao sem algum reparo: embora alguns lhe atribuam o merito de certo pioneirismo ao assumir uma visao menos antropocentrica do mundo, outros criticam-no por perpetuar a tendencia antropomorfizante que caracterizaria a literatura em geral. De qualquer maneira, a renovada importancia dada ao livro no contexto da chamada virada animal significou uma especie de vinganca da divertida parodia biografica de Virginia.Diversao ou objeto digno de estudo, pouco importa: o livro e bom de ler. E, gracas as ilustracoes da jovem artista britanica Katyuli Lloyd, e tambem bom de ver.