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O romance de estreia de Juan Pablo Villalobos e surpreendente em muitos sentidos. Breve e incisivo ao revelar a face mais violenta da realidade (nao apenas) mexicana sob uma otica insolita, entra no canone da narcoliteratura sem ceder aos tiques proprios do subgenero. Em Festa no covil, a vida intima de um poderoso chefe do narcotrafico – Yolcault, ou El Rey – e narrada pelo filho. Garoto de idade indefinida, curioso e inteligente, o pequeno heroi, que vive trancado num palacio sem saber a verdade sobre o pai, reconta sem filtros morais o que presencia ou conhece pela boca dos empregados ou pela teve. Seu passatempo e investigar secretamente os misterios que entreve, colecionar chapeus e palavras dificeis e pesquisar sobre samurais, reis da Franca e animais em extincao, sempre com o auxilio de seu preceptor – um escritor fracassado egresso da esquerda. Esse pequeno principe, tao mimado quanto privado de infancia, tem um desejo obsessivo: completar seu minizoologico particular com o rarissimo hipopotamo anao da Liberia. Reveses nos negocios paternos e a conveniencia de o grupo abandonar o Mexico por um tempo acabam tornando realidade o safari para capturar o tal hipopotamo em risco de extincao. A viagem a Africa com seus percalcos e o regresso ao palacio constituem a grande iniciacao do narrador-protagonista, a quem so na ultima linha e dado chamar o pai de pai . Festa no covil e surpreendente tambem no seu percurso editorial: seus originais chegaram a editora espanhola Anagrama sem as indicacoes de praxe nem a chancela de concursos literarios, caindo nas gracas de Jorge Herralde, o mais respeitado editor do mundo hispanico. Publicado em junho de 2010, logo comecou a receber os mais veementes elogios dos principais suplementos e revistas culturais de ambos os lados do Atlantico.