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Em 1960, o jovem paraibano escreveu Farsa da boa preguiça, apresentada toda em versos livres, com trechos musicais cantados, contendo citações de Camões, da bíblia e de orações. A peça é dividida em três atos, onde o autor consegue manter uma certa independência em relação ao conjunto, nomeando-os com subtítulos: “O Peru do Cão Coxo”, “A cabra do Cão Caolho” e “o rico avarento”;além disso ele inclui prólogo e conclusão. A força do arcaico é justamente sua contínua presentificação e, conseqüentemente, sua capacidade de se eternizar. A arte genuinamente popular se baseia nesse pensamento. Para transformar o local em simbólico e universal, Ariano Suassuna alia os valores mais arraigados de sua região a seu imenso arcabouço erudito e teórico. Com uma escrita que junta, a um só tempo, elementos do Simbolismo, do Barroco e da literatura de cordel e transforma o sertão no palco das questões humanas de qualquer lugar do mundo. Farsa da boa preguiça, apesar do título, não chega a ser uma farsa propriamente dita, pois seu caráter religioso muito pronunciado deixa-a mais próxima da moralidade. Nela o riso é provocado pela utilização da linguagem infor-mal da feira e praça pública, e que remete à cultura popular medieval e a carnavalização.
Ariano Suassuna