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A mulher sentada a beira da calcada na av. Nossa Senhora de Copacabana so se sente em casa vivendo na rua: estar entre paredes a oprime, ela tem a sensacao de que vai morrer sufocada. E tao fina e educada que todos a chamam de Princesa. Seu lar e um trecho do piso de cimento delimitado por pedacos de papelao. Muito gorda, tem dificuldade para se mover. Mesmo assim, nao descuida da aparencia: alisa bem o vestido sobre as pernas esticadas, penteia-se com esmero e passa batom com pelo menos frequencia – sempre que recebe a visita do delegado Espinosa. E o delegado Espinosa visita Princesa varias vezes por dia. Afinal, tudo indica que ela viu quem enfiou uma faca no homem muito branco, talvez um estrangeiro, que amanheceu morto na calcada a alguns metros dela. Mas Princesa costuma sonhar, as vezes ate quando esta acordada… E como saber, nesta vida, o que e realidade e o que se passa no mundo dos sonhos? Isaias e o grande amigo de Princesa. Ele sabe que a amiga viu alguma coisa que nao deve ser lembrada. Acredita que precisa proteger a qualquer custo a moca dos perigos que podem surgir da noite – quando ela dorme sozinha na calcada – e do dia, quando os passantes sao tantos que e dificil distinguir o inimigo que se aproxima para desferir um golpe. Como Princesa, Isaias e incapaz de lidar com o mundo complicado onde os dois vivem; como ela, e indefeso e vulneravel. Espinosa e um detetive humano, demasiadamente humano, que erra, hesita, se tortura e, em suas aventuras (o mais correto seria desventuras ), faz do Rio de Janeiro nao um cenario, mas personagem ativo. – Revista Epoca Um personagem cetico, porem nao cinico, e que mesmo fechado conquista pela simpatia. – O Globo