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As últimas composições de Beethoven; o romance O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, e sua adaptação para o cinema por Luchino Visconti; as óperas “italianas” de Mozart; os poemas de Konstantinos Kaváfis; a “reinvenção” de Bach pelo pianista Glenn Gould. Com erudição e sensibilidade, Said passeia por essas e outras obras revelando traços em comum, a despeito de suas vertiginosas diferenças: em todas elas se manifesta o que o ensaísta define – a partir de conceito cunhado por Theodor Adorno – como “estilo tardio”, uma relação problemática de seus criadores com a cultura de seu tempo e com sua própria tradição artística. São obras em geral contraditórias e cheias de nuances insuspeitadas, que revelam uma reação de seus autores contra a morte que os espreita e contra a domesticação de sua arte.
Publicados postumamente, os ensaios deste livro estão entre os últimos textos escritos pelo pensador palestino-americano, quando já tinha consciência de que seu fim estava próximo. Neles se revelam em toda a plenitude as qualidades que fizeram de Said um dos maiores críticos de cultura da nossa época: a argúcia, a sensibilidade artística e a inquietação intelectual.