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Composto de oito histórias interligadas, este livro inédito de Amós Oz recria com precisão a realidade de um kibutz. Durante os anos 1950, no kibutz Ikhat, vizinho de uma antiga aldeia árabe então abandonada, israelenses de diferentes origens e idades partilham um cotidiano de trabalho árduo e dedicado. O livro tem início com o solitário Tzvi Provizor, que se ocupa diligentemente dos jardins do kibutz, mas no tempo livre escuta o rádio e espalha com especial prazer notícias de tragédias e calamidades. E termina com os últimos dias do velho sobrevivente do Holocausto Martin Vanderberg, que acredita na abolição de todos os estados nacionais e numa fraternidade mundial e pacifista, coroada pelo uso do esperanto como idioma comum a todas as pessoas. Neste engenhoso conjunto de narrativas interligadas, em que os personagens ora protagonizam uma história, ora aparecem de relance na próxima, Amós Oz elege a fronteira como espaço privilegiado: entre o conto e o romance, entre duas gerações, entre o desejo de se decidir o próprio futuro e a missão de perpetuar um povo e sua cultura. Nos limites do público e do privado, que a vida num kibutz torna difíceis de identificar, o arranjo particular de uma comunidade serve de palco para o desenrolar de dramas universais. Ao início de cada história, experimenta-se o pioneirismo, mas também a sensação de retorno ao conhecido que acompanha cada personagem nos anos que se seguem à fundação de seu país. Para cada passo que se dá em direção ao novo, um elemento familiar é generosamente oferecido por Amós Oz, para quem o ímpeto de inaugurar convive lado a lado com a tradição a ser mantida. O autor busca o equilíbrio e pontua com trechos líricos uma narrativa seca, desprovida de excessos, porém rica em detalhes e simbologias, na qual tudo tem serventia.