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Uma habilidosa mescla de novela policial, faroeste de horror e romance filosofico, escrito por uma das vozes mais originais da literatura brasileira contemporanea. Edgar Wilson e um homem simples que executa tarefas . Trabalha no orgao responsavel por recolher animais mortos em estradas e leva-los para um deposito onde sao triturados num grande moedor. Seu colega de profissao, Tomas, e um ex-padre excomungado pela Igreja Catolica que distribui extrema uncao aos moribundos vitimas de acidentes fatais que cruzam seu caminho. A rotina de Edgar Wilson, absurda em sua pacatez, e alterada quando ele se depara com o corpo de uma mulher enforcada dentro da mata. Quando descobre que a policia nao possui recursos para recolhe-lo o rabecao esta quebrado , o funcionario e incapaz de deixa-lo a merce dos abutres e decide rebocar o cadaver clandestinamente ate o deposito, onde o guarda num velho freezer, a espera de um policial que, quando chega, nao pode resolver a situacao. Nos proximos dias, o improvisado esquife recebera ainda outro achado de Wilson, o laconico heroi deste desolador romance kafkiano: desta vez o corpo de um homem. Habituados a conviver com a brutalidade, Edgar e Tomas nao se abalam diante da morte, mas conhecem a fronteira, pela qual transitam diariamente, entre o bem e o mal, o homem e o animal. Enquanto Tomas se empenha em salvar a alma, Edgar se preocupa com a carcaca daqueles que cruzam seu caminho. Por isso, os dois decidem dar um fim digno aqueles infelizes cadaveres. Em sua tentativa de devolve-los ao curso da normalidade, palavra fugidia no universo que Ana Paula Maia constroi magistralmente, os dois removedores de animais mortos conhecerao o insalubre destino de seus semelhantes. Com uma linguagem seca, que mimetiza as estradas pelas quais o romance se desenrola, a autora faz brotar questoes existenciais de dificil resolucao. O resultado e uma inusitada mescla de romance filosofico e faroeste que revela o poderoso projeto literario de Maia. Nem da alma nem do coracao. Os personagens de Ana Paula Maia sofrem do figado. O Estado de S. Paulo E preciso entender muito de ficcao, de realidade e de representacao da realidade para poder escrever assim. O Globo Ana Paula encontra, em meio as manobras mais repulsivas, o tom mitico de uma maldicao biblica, disfarcada nos popismos de superficie. Rolling Stone Brasil