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Este livro – de gênero inclassificável e que em suas mais de duzentas páginas possui apenas um único parágrafo – inicia-se e é movido pela seguinte pergunta: “Ao ler as notícias, como decidir o que é mais importante?” A partir daí, nesse universo cheio de novidades, Margo Glantz faz uma viagem pelo mundo e por suas emoções (tanto as profundas, eco da memória, quanto as banais, dos burburinhos cotidianos), e nos mostra através de um mosaico ora trágico ora cômico a complexa tarefa que enfrenta o indivíduo que quer se estabelecer no mundo e, pior ainda, entender o que está acontecendo ao seu redor.Em E por olhar tudo, nada via, Glantz recorre a uma das maiores marcas de sua obra narrativa: a escrita fragmentária. Herdeira de uma tradição que vai de Walter Benjamin a David Markson, a escritora mexicana coloca na mesma página os horrores do ISIS e os vícios de Charlie Sheen; o exílio dos beija-flores de seu jardim e as consequências do ecocídio que ocorre em escala planetária; os aforismos de Kafka e relatos terríveis de feminicídios no México e outros países ao redor do mundo; a descoberta de um sistema solar próximo ao nosso e a extinção das abelhas.Usando sua sensibilidade e erudição como pontas de lança, Glantz nos oferece uma colagem de emoções, imagens, dados e reflexões que em seu eco estrondoso nos obriga a parar ao longo do caminho para refletir sobre a melhor maneira de continuar na árdua tarefa de caminhar por este mundo.