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Dicionário do Diabo, do escritor e jornalista norte-americano Ambrose Bierce (1842-1914), cuja edição original data de 1911, é um compêndio de verbetes com definições satíricas e ácidas publicados ao longo de décadas por Bierce em jornais humorísticos e políticos. A primeira edição com texto na íntegra foi publicada no Brasil em 2017 pela Editora Carambaia.
???Ano???, na definição do Diabo, é um ???período de 365 decepções???. ???Autoestima???, uma ???avaliação equivocada???. ???Noiva???, ???uma mulher com uma ótima perspectiva de felicidade em seu passado???. Já ???noivo???, aquele ???equipado com uma tornozeleira onde prender a corrente e a bola???. O próprio ???dicionário???, para Bierce, é um ???maligno instrumento literário para limitar o crescimento de um idioma e torná-lo duro e inelástico???. Essa visão cínica e irônica do autor, sobretudo em relação à sociedade e à cultura dos Estados Unidos de seu tempo, rendeu notoriedade ao dicionário, que figura na célebre edição das cem maiores obras-primas da literatura americana elaborada em 1976 pelo American Revolution Bicentennial Administration.
Muitos dos verbetes são acompanhados por poemas e citações, adotados por Bierce para contar histórias, ilustrar definições e fazer diversas provocações a seus contemporâneos. As edições do Dicionário traduzidas para o português omitiram os poemas (assim como algumas edições em língua inglesa e em traduções para outros idiomas).
Ambrose Bierce nasceu em Ohio e, aos 15 anos, começou a trabalhar em um jornal local, como aprendiz de impressor. Aos 19, alistou-se no Exército e participou da Guerra de Secessão, do lado dos Unionistas. Dispensado após ter sido atingido por uma bala na cabeça, começou a escrever para a imprensa de São Francisco. Ao longo de sua carreira, publicou diversos livros de ficção, poesia, sátira, histórias de crimes e terror, contos sobre a Guerra Civil Americana, ensaios e livros-reportagem, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra. Aos 71 anos, partiu para o México, aparentemente para acompanhar Pancho Villa na Revolução Mexicana, e desapareceu. Não se sabe como ou onde morreu, acredita-se que em 1914. O mistério inspirou o romancista mexicano Carlos Fuentes no livro Gringo viejo, adaptado para o cinema em 1898, com Gregory Peck interpretando Bierce.