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A correspondência de Mário de Andrade com a poeta mineira Henriqueta Lisboa – aqui apresentada na bela e minuciosa edição de Eneida Maria de Souza – resgata uma das funções mais antigas do ato de escrever cartas: o exame de consciência. No projeto epistolar de Mário de Andrade, as cartas trocadas entre ele e Henriqueta durante os seis últimos anos de sua vida se destacam principalmente por dois motivos: o ritmo intenso da interação entre os dois escritores e o aparente paradoxo de duas personalidades tão distintas, com projetos literários muito diferentes, se abrirem a confidências e reflexões marcadamente pessoais, num nível de franqueza e complexidade raras vezes alcançado até mesmo para quem, como Mário, se dedicou sem sossego ao que chamou de “epistolomania”.