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Em ‘Conjunções e Disjunções’, Octavio Paz leva o seu ensaísmo ao domínio das relações de afinidade e oposição, união e separação dos signos – corpo e não-corpo. Cada sociedade concebe de um modo único e peculiar as duas realidades que governam a existência do homem, a do corpo, matéria, natureza, e a da alma, espírito, mente. A descrição do relacionamento entre seus signos representativos proporciona como que um levantamento da temperatura de um dado organismo social. O registro de seus ‘picos’ e ‘depressões’, o ‘gráfico’ de sua curva de estabilidade e instabilidade traduz também as oscilações e mudanças das civilizações correspondentes. Por isso mesmo pode-se dizer que a sociedade contemporânea vive uma crise profunda. Um tremor de intensidade espantosa a agita, e não apenas em suas estruturas sócio-econômicas. Mas além. No próprio âmago do seu ser. Pois, como poucas vezes, no curso humano, com uma violência inusitada, talvez porque submetido a um longo período de compressão, o corpo está em plena insurreição. Tal é o tema central do presente livro que o autor desenvolve, com o brilho de um estilo incomparável, associando, ao mesmo tempo, a arte cristã medieval e a budista, o tantrismo e o protestantismo, o tauísmo e o confucionismo aos signos corpo e não-corpo. Trata-se, no conjunto, de uma meditação que aborda pontos nevrálgicos da questão e dos questionamentos do homem e da sociedade de nosso tempo.