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Menalton Braff tem no seu currículo, entre outros prêmios, um Jabuti e o Machado de Assis da Biblioteca Nacional, o que faz dele um escritor de voz relevante, com lugar assegurado na literatura de nosso país. A criação romanesca desse grande prosador ergue uma ponte entre a tradição e a modernidade, tanto na solidez dos enredos como nos recursos de expressividade.
Fiel ao que o romance brasileiro já consagrou em seu rico trajeto, e sem perder de vista o estilo incisivo que a atualidade impõe, Menalton conta nesta tragédia suburbana as imperfeições do amor. O cenário lembra Lima Barreto enquanto as pulsações do eterno conflito humano lembram a vida.
Mas, seria o amor imperfeito?
Ou imperfeitos seriam os que amam e esperam demais de suas paixões?
Isso o leitor julgará, acompanhando a história de Roberta e Gustavo. Temperamentos incompatíveis, o acaso os leva a uma união que, com tenacidade e vigor, faz prever um desastre. Porém, que desastre será esse?
Roberta, enfermeira, conduz a narrativa; e com o tempo percebe quem é Gustavo, seu marido, o balconista de farmácia: ???um molusco???, desfibrado, neurótico, desajustado, dado a surtos sombrios e perigosos (o que inclui ameaças de suicídio).
Para Roberta o casamento era uma viagem, uma aventura natural do ser humano, com surpresas, e pequenas decepções que o amor corrigiria. Mas para Gustavo o casamento era uma conquista, um ancoradouro, um abrigo para a sua dependência e apatia.
Um belo romance, denso, dramático e verdadeiro.
Mafra Carbonieri