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Pela primeira vez traduzida no Brasil a partir do original latino e publicada em edição bilíngue, a Carta sobre a tolerância é aqui acompanhada de introdução, notas e comentários que têm o objetivo de contextualizar o pensamento do filósofo inglês John Locke (1632-1704) e propor uma interpretação de seus principais argumentos.
A Carta sobre a tolerância é uma defesa do que hoje se costuma chamar de separação entre Estado e Igreja. A finalidade das leis, afirma Locke, consiste em preservar e promover os bens civis dos cidadãos (notadamente a vida, a liberdade e a propriedade), o que significa que entre as funções do Estado não se encontra o cuidado com a salvação das almas, tarefa que pertence apenas aos indivíduos e às igrejas a que eles se associam. A afirmação de que a diversidade de crenças e cultos deve ser tolerada constitui, portanto, a tese central desta obra, que aborda ainda questões como os limites da tolerância, o direito de resistência ativa, o malefício decorrente da intromissão de clérigos na política e a incompatibilidade entre o cristianismo e a coerção religiosa.