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O terceiro e aguardado livro de uma das principais vozes da poesia brasileira.
Oito anos depois da publicação do já célebre Um útero é do tamanho de um punho — lançado em 2012 pela Cosac Naify e reeditado em 2017 pela Companhia das Letras —, Canções de atormentar traz o olhar afiado de uma poeta que, com inteligência e ironia, observa a si e ao mundo. Os poemas rememoram a infância no Sul, com o pé de araçá plantado pela avó, relatam o esforço inútil de tentar compreender o Brasil de hoje e discutem a injustiça, o machismo e a nostalgia de uma nação que não passou de projeto.
Em “porto alegre, 2016”, que trata da migração e dos protestos nas ruas, violentamente refreados pela ordem pública, a poeta escreve: “agora a colher cai da boca/ e o barulho de bomba é ali fora/ e a polícia vai pra cima dos teus afetos/ munida de espadas, sobre cavalos”. Canções de atormentar reúne poemas ora ferozes, ora desiludidos, sem nunca perder de vista a urgência, a vivacidade, o humor e o tom incisivo que consagraram Angélica como um dos nomes mais originais da literatura contemporânea.