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A história do haicai no Japão e sua aclimatação no Brasil são assuntos pouco conhecidos entre nós. Essa lacuna é contemplada de forma concisa e eficaz pelo poeta, pesquisador, jornalista e antropólogo Rodolfo Witzig Guttilla, responsável por esta seleta dos poemetos. Logo no início de sua introdução somos informados de que essa forma poética tradicional japonesa, usualmente feita de três versos de 5, 7 e 5 sílabas poéticas, busca estabelecer laços concisos e surpreendentes entre a natureza e o espírito humano, e teve em Matsuó Bashô (1644-94), Bussôn (1716-84) e Kobayashi Issa (1763-1827) seus três maiores artistas, responsáveis também pela codificação definitiva do gênero.
A grande novidade para o público brasileiro está no histórico que Guttilla nos oferece sobre a presença do haicai no Brasil, cultuada pelos maiores expoentes da literatura brasileira, desde Monteiro Lobato, nos idos de 1906, até os modernos Millôr, Paulo Leminski e Alice Ruiz, passando por uma plêiade de modernistas – Oswald Andrade e Drummond à frente -, e outros nomes que pouca gente associaria ao poema minimalista japonês, como Erico Verissimo, para ficar só num exemplo.
O melhor da história do haicai, porém, está nos próprios poemas que integram esta primorosa antologia de haicais brasileiros, onde não faltam traduções das mais famosas peças dos haijins (praticantes do haicai) clássicos. Leitura delicada e agradável, quando não sutilmente cômica, basta este breve aperitivo de Boa Companhia – Haicai para despertar o apetite dos leitores:
Stop!
A vida parou
ou foi o automóvel?
(Carlos Drummond de Andrade)