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“Minha situação era óssea, era da ordem das estruturas, sem carne, sem glacê. Eu cabia dentro de um corpo de treze anos de idade e todos os meus bens materiais cabiam, agora, numa mala pesando vinte quilos”, escreve Adriana Lisboa, em Azul Corvo, romance magistral, selecionado pelo jornal inglês The Independent como um dos melhores livros de 2013. Após a morte da mãe, Evangelina, uma menina de apenas treze anos, troca Copacabana pelo Colorado, nos Estados Unidos, onde vai morar com seu padrasto Fernando. Sobre seu verdadeiro pai, ela sabe apenas que é norte-americano e que pode estar em qualquer lugar do mundo. Mesmo assim, está decidida a encontrá-lo. Ao deixar o Rio de Janeiro para morar em Lakewood, Vanja sente que está na interseção entre dois mundos, mas não pertence exatamente a nenhum deles. Viajando em busca do pai e mergulhando nas lembranças das pessoas que a cercam, ela tenta encontrar seu lugar. Aos poucos, a menina começa a se aproximar de seu padrasto e, por meio dessa nova amizade, descobre detalhes obscuros do passado recente do Brasil. Ex-guerrilheiro no Araguaia, ele viveu na pele a violência da ditadura. Agora, compartilha com a enteada as terríveis verdades que foram maquiadas para entrarem na história “oficial” do país. Em Azul corvo, Adriana Lisboa, uma das escritoras essenciais da nova geração da literatura brasileira, entrelaça com sensibilidade a vida de personagens em trânsito e em busca de si mesmos.