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“Quem não quer falar do capitalismo, deveria calar-se sobre o fascismo.” Essa frase de Horkheimer, extraída de um texto clássico redigido durante a Segunda Guerra Mundial, ainda ressoa nesta análise adorniana de um novo radicalismo de direita que começa a emergir na Alemanha dos anos 1960. Como explicar tal aberração política no seio de uma democracia supostamente bem-consolidada, no auge da “era dourada” do capitalismo europeu? Conforme a boa tradição materialista, Adorno insiste em afirmar que tal fenômeno é menos um sinal de loucura, tolice ou “desinformação”, e mais um sintoma de uma transformação social objetiva em curso. Como um fantasma naquela sociedade pacificada, o potencial fascista aparece então como nada mais nada menos que uma transfiguração ideológica da teoria do colapso de Marx.