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Quem foi Victor Hugo? Mario Vargas Llosa mergulha no romance Os miseraveis pela perspectiva do leitor agudo, do entusiasta, do criador que conhece os meandros para se erguer um grande livro. E descobre, assim, os mecanismos secretos que impulsionaram o escritor icone do romantismo frances, nascido em 1802, a criar uma das obras fundamentais da literatura universal. A tentacao do impossivel e o titulo do ensaio que foi tema do curso lecionado por Vargas Llosa na Universidade de Oxford, em abril e maio de 2004. Em sua introducao, o escritor peruano afirma que nao pretende esgotar a discussao sobre um dos autores mais revistos no mundo. Porque Victor Hugo e, depois de Shakespeare, o autor ocidental que gerou mais estudos literarios, analises filologicas, edicoes criticas, biografias, traducoes e adaptacoes de suas obras nos cinco continentes. Nao se trata de um livro sobre outro livro, ou uma especie de metalivro. E, antes, uma aula sobre o valor da literatura e da leitura e sobre a personalidade e a obra de um autor que alcancou prestigio e popularidade impressionantes ainda em vida. Mais que um escritor celebre, Victor Hugo, ao morrer em 1885, converteu-se num mito, personificando os ideais da republica, recem instaurada na Franca. Llosa recorda que Os miseraveis nao foi elaborado como um romance de aventuras, mas como uma obra repleta de sentimentos religiosos. Evoca ainda aspectos curiosos da personalidade do autor frances, que se dedicou a encontros mediunicos com o alem com quem compartilhava suas conviccoes politicas, religiosas e literarias. Segue ainda os rastros que falam de um Victor Hugo escritor, politico e, acima de tudo, humano; um personagem do romance que sabe se disfarcar de narrador ou de protagonista.