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“Agarre este livro com as duas mãos, com a cabeça e com o coração”: o conselho de Darcy Ribeiro no texto de apresentação de A marcha para o Oeste prepara o leitor para as centenas de páginas de emoção, ciência e história que se seguem, e que se deixam ler como um empolgante enredo de aventuras na selva. Baseado nos diários escritos pelos irmãos Claudio (1916-98), Leonardo (1918-61) e Orlando Villas Bôas (1914-2002) durante e após sua participação à frente da Expedição Roncador-Xingu (1943-49), organizada pelo governo federal, este livro híbrido entre a literatura de viagem, a análise antropológica e o ensaio histórico é relançado numa nova e cuidadosa edição da Companhia das Letras.
Além de mapear e desbravar boa parte da Amazônia meridional, os Villas Bôas foram os principais responsáveis pela criação do Parque Nacional do Xingu, primeira terra indígena homologada no país, e receberam reconhecimento mundial por sua atuação incansável e pioneira na defesa dos direitos e tradições dos índios. Os irmãos paulistas foram os idealizadores de uma nova política indigenista, baseada no respeito e na convivência pacífica entre brancos e índios. Enriquecido com mapas e imagens captadas durante a permanência dos Villas Bôas entre os índios – mais de quatro décadas no total -, A marcha para o Oeste permanece como uma referência imprescindível para o estudo da formação do Brasil contemporâneo e da própria identidade de seu povo.