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Depois do colapso do ‘socialismo de caserna’, os rumos da esquerda parecem ao mesmo tempo abertos e difíceis. Se temos, de um lado, os que carregam a nostalgia do comunismo, os traumatizados pelo que teria sido uma grande derrota do ‘socialismo’ (as viúvas de Lênin, de Mao, e mesmo de Stálin) e, de outro, os que, depois de tudo, se resignam a ver no capitalismo a única alternativa para os descaminhos totalitários, há ainda os que, recusando um e outro, e sem fazer concessões ao lado negativo das experiências socialdemocratas, acreditam na possibilidade de relançar e renovar o projeto de um socialismo democrático. É precisamente deste programa que A Esquerda Difícil: em torno do paradigma e do destino das revoluções do século XX e alguns outros temas, que a editora Perspectiva oferece ao leitor em sua coleção Estudos, se ocupa, tratando principalmente de seus prolegômenos ‘negativos’, isto é, da análise crítica, hoje frequente mas raramente levada avante com rigor, daquilo que foi a doutrina hegemônica na esquerda ao longo do período anterior, o marxismo, e do balanço, também muitas vezes iniciado mas ainda incompleto, daquilo que foi a prática dominante desse período, a política comunista. Com esses dois temas e mais alguns outros, correlatos, Ruy Fausto contribui, com uma visão aguda, ao necessário esforço de auto-reflexão da esquerda contemporânea.